A Espetacular Vida da Morte


Título: A Espetacular Vida da Morte
Autor: MJ Macedo
Editora: Gutenberg
Páginas: 248
ISBN: 9788565383394

Hilário, sem noção e irreverente. Eu dizia: "só mais um capítulo, só mais um..." e ia devorando o livro, sentada, deitada ou andando pela casa e rindo sozinha (felizmente esse comportamento já é bem normal para todo mundo daqui de casa, então não tem problema abrir o berreiro e começar a chorar ou rir descontroladamente). E se eu pensava que não poderia rir tanto quanto nos livros de Terry Pratchett e sua série Discworld, estava enganada...

A Espetacular Vida da Morte é um livro obrigatório (isso mesmo) para quem adora se perder em uma história nonsense, amalucada e extremamente divertida. A escrita de MJ Macedo é maravilhosa, com uma narrativa que flui muito bem e nos aproxima dos personagens, fazendo com que no final a despedida seja triste, pois a vontade é de continuar lendo e se aventurando nas trapalhadas dos dois personagens principais. Além da criatividade que transborda pelas linhas do texto, o autor conseguiu reunir suas idéias e formar um texto coerente e incrivelmente engraçado apesar, como já escrevi, o livro ser sem noção. Acho que deu para entender, não? 

Nosso narrador é Horácio Manfred Portobello e apresentá-lo é muito importante, pois vocês terão uma noção com quem estamos lidando. 

"Seu primeiro impulso foi o de seguir a tradição familiar. Porém, logo desistiu, após matar por acidente três pacientes, dois colegas de sala, um professor e uma tartaruga (além de colocar fogo em um castor empalhado). Decidiu, então, cursar Química na Pontifícia Universidade Tradicionalista de Semântica (Puts). Passado pouco mais de um ano, mudou mais uma vez de curso, depois de explodir o laboratório em que estudava, levando abaixo o prédio inteiro do bloco. Escolheu, então, a carreira que o definiria para o resto da vida: o Jornalismo". (p. 17 e 18)

Mas não pensem que como jornalista Portobello foi menos atrapalhado (atrapalhado é pouco!) e após diversos acidentes em que se envolveu e matérias que cobriu, tornou-se repórter integrante da Verdade Nua, uma renomada publicação no país que iria à falência se não fosse por Portobello, o problema foi que a matéria que reergueu a Verdade Nua envolvia a filha de seu chefe em fotos sensualmente explícitas. Tirando o fato, é claro, do evidente pavor que seu agora ex-chefe possui por Portobello (já conhecemos suas "trapalhadas"). 

Apesar da falta de perspectiva, Portobello não se desanimou, começando uma sólida carreira como vendedor de cachorros-quentes. E foi em um dia em que se encontrava com o seu aventalzinho e chapeuzinho em forma de uma salsicha sorridente e preparava um dogão duplo com molho especial, cheddar + guaraná (por apenas R$ 2,50) que a vida de Portobello iria dar uma reviravolta, mudando seus conceitos sobre a existência do ser humano na Terra. 

Foi uma merda, na verdade. Um imenso caminhão de esterco fresco tombou na avenida e vários carros acabaram sendo soterrados pela caca de vaca. 

Chocado com o terrível acidente, Portobello ouviu uma voz atrás dele, uma voz feminina, sedutora e cavernosa, ele olhou para trás e então percebeu que estava tendo uma revelação espiritual! Havia um imenso túnel de luz, prata e dourado à sua frente, havia anjos e trombetas e podia ouvir em sua cabeça uma orquestra celestial. E no centro de toda essa maravilha havia uma figura muito alta, vestida com um enorme e esvoaçante manto negro com um capuz puído que não deixava sua face à mostra e suas mãos carregavam uma enorme foice. 

"Aquela assombrosa figura olhou para mim, pobre mortal, e assim falou após alguns momentos de silêncio:
- Vê aí um dogão duplo, por favor. Ah, e sem purê... Tem aí caldo de cana? Tô num pique que você nem imagina pra tomar um caldinho de cana. 
- Serve guaraná? - Foi a única coisa que consegui dizer naquele instante". (p. 26)

Com o impacto inicial passado, Portobello tenta puxar uma conversinha com a Morte e descobre que não só ele pode vê-la, aliás, todo mundo pode ver a Morte, o que pode causar alguns "inconvenientes" para ela. Aliás, juntando a Morte com Portobello temos uma verdadeira bomba atômica ambulante prestes à explodir, pois esses dois são as duas criaturas mais destrambelhadas do mundo! 

Mas o que a Morte realmente quer com Portobello é agendar uma hora para que ele seja seu fiel narrador, pois há muito tempo desejava escrever uma autobiografia/automortografia, mas não levava muito jeito para a coisa. Além disso as pessoas não costumavam lhe dar ouvidos: ou a ignoravam, ou a tratavam como louca ou, ainda, entravam em pânico total quando descobriam sua verdadeira natureza. O repórter Portobello, no entanto, não iria desperdiçar uma chance dessas, que poderia até mesmo salvar a sua carreira e levá-lo ao topo. 

E então as entrevistas começam, com Portobello encontrando-se com a Morte que relata sua vida (ou seria existência?), alguns episódios hilários, inusitados, escandalosos e que sempre envolvem confusão.

Eu me senti entre aqueles dois improváveis personagens, conhecendo um pouco mais da Morte, como um psicanalista. 

"Sabe, às vezes, é bem difícil. Bem difícil... Quase como limpar uma latrina". (p. 38)

O trabalho da Morte não é fácil e ela até mesmo já havia pensado em ser cozinheira (experiência que não deu nada certo) e animar festinhas infantis (mas percebeu que não era o seu negócio). Ela também tem um "pequeno" problema com a polícia, como no caso em que foi até o banco e disse ao gerente que iria levá-lo, o gerente, é claro, gritou que aquilo era um sequestro. Confusa, a Morte disse que só queria matá-lo e o gerente grita que aquilo é um assalto... (ok, imagina a confusão). 

Estressada a Morte resolveu uma vez ir ao terapeuta (indicado pelo Cupido. Sim, o Cupido precisa de terapia pois vive resolvendo o problema amoroso dos outros enquanto é incapaz de ter uma vida sexual normal, já que seu pênis é do tamanho do de um garotinho de três anos...). 

Dentro do consultório há um paciente com síndrome do pânico que acredita que a morte o persegue... e quem é a próxima paciente? Um episódio que termina de forma hilária e inusitada! 

Portobello está tão empolgado que resolve levar o que já coletou de informações sobre a Morte para o seu editor e ex-chefe, o problema é que quem iria acreditar que ele estaria entrevistando a Morte? Lendo a entrevista, seu ex-chefe acredita se tratar de uma psicótica e talvez Portobello seja cúmplice dela... agora é só armar uma armadilha para os dois.

Aliás, gostaram do novo layout do blog? Achei que o anterior estava muito sombrio e acredito que a Morte aprovaria esse. Ela tem uma certa predileção pela cor rosa. 

Leia aqui o primeiro capítulo.


Fevereiro - Livros que nos façam rir

20 comentários:

  1. Oi, Paula! o/
    Sério, esse livro parece MUITO bacana. Acho que o autor (ou editora) fizeram um trabalho super bacana na divulgação, pois vi várias postagens sobre ele e também alguns sorteios (que foi como consegui meu exemplar ♥).
    Apesar de ter lido apenas a tua resenha, creio que vou gostar. Adoro livros divertidos, que mesclam realidade e esse tipo de ficção meio amalucada (o último que li foi A vez da minha vida, mas é claro que esse não era tão puxado pra comédia, né).
    Enfim, estou animadíssima! O livro (físico) é lindo. A textura da capa, nossa, babei. Além da diagramação lindona.

    Beijos!
    PS: obrigada por passar o link ;)

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  2. Oi...
    :-) Parece ser muito legal esse livro, e acho que poderia ser um filme bacana.
    Além da capa ser super linda.
    bjus ♥♥♥

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  3. Eu quase morri de rir com algumas passagens que vc citou, imagina o livro em si. Adoro livros nonsense, mas que não fogem tanto assim de situações supostamentes reais e inusitadas. Me despertou muita curiosidade em lê-lo. O livro já entrou na minha listinha para aquisições.
    Parabens pela resenha

    Vivian

    www.vivisculture.blogspot.com.br

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  4. Já li resenhas desse livro antes e ele já foi para na minha LISTOOOOOONA de vou ler, pq com certeza vou achar mto divetido, apesar de nem todas as cirticas serem positivas. :D
    Beijos
    http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/

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  5. Eu amo historias nonsense. Já coloquei o livro no meu skoob pra eu lembrar de comprar hahaha

    Adorei a resenha!

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  6. Parece ótimo mesmo e beeeem divertida a leitura!

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  7. Não conhecia esse livro. Parece bem divertido, ;)

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  8. Estou precisando de um livro destes pra me descolar um pouco da dureza da rotina. Livros assim fazem o dia ficar engraçado com as lembranças que a gente tem das páginas lidas antes de encarar o dia de trabalho! Me interessei bastante.

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  9. eu como disse antes tomei um susto com o layout. hasahushu
    mas ele está ótimo. adoro cores claras
    mas sim, eu estou pensando me ler esse livro, gostei bastante da resenha :)

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  10. Olá! Adorei o livro, preciso ler ele! Quero muito ler um livro que me faça rir e esse parece ser uma ótima opção!

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  11. Paula, obrigada por divulgar livros não tão conhecidos, mas que não deixam de ser bons!
    Acho que me apaixonei por esse, de verdade <3 haha Me identifico em ficar rindo (quando não converso com os personagens :p) enquanto leio, e o pouco que li aqui já deu pra um "test drive".
    Faça um sorteio do livro <3 hahaha

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  12. achei interessante, gostei muito uma capa meio inusitada. vou compra ele

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  13. Li a resenha com um sorriso no rosto imaginando como o livro deve ser engraçado. O blog ficou mais auto astral.

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  14. Pronto!!! \o/
    Fiquei enlouquecida querendo ler este livro... ver as trapalhadas de Portobello e como será sua relação com a Morte.

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  15. quero demais ler esse livro,parece ser otimo, um terror meio comico

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  16. Pelo que vc escreveu e pelos trechos. parece ser bem divertido..

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  17. parece ser bom demais, meio misterioso , adorei

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  18. Não conhecia o livro mais parece ser bem engraçado!
    Via para minha lista de desejados!

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  19. Li só uma resenha desse livro, mas foi o necessário para ele entrar na minha lista de desejados! A capa é um tanto diferente, e só isso já chamou minha atenção. Depois de ler a sinopse, foi impossível não ficar ansiosa para ler o livro!

    @escrevendomundo

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  20. Gostei da capa, achei bem bolada '-'
    Adorei a resenha.

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